Muito bate boca nas redes sociais sobre a declaração de um político jovem, ainda muito verde, sobre a idade de seu oponente partidário, numa tentativa irônica de como se fosse fato depreciativo ter um certo número de anos. Fiquei pensando sobre o assunto. Na verdade depende da ótica de quem está analisando e não de uma determinação numérica. Quantos aniversários seriam necessários para ser velho? Para um criança/adolescente um homem de 30 seria um velho. Para um ser centenário, uma pessoa de 70 é ainda um garotão. Tudo baseado na análise física, só isso. A mente é outra coisa e certamente ele não conhece ainda sobre o assunto. Alguns são senis, com fraqueza intelectual aos 30 anos, enquanto se conhecem jovens no intelecto aos 90. O que importa é a alma. Essa sim precisa estar jovem, ativa e sobretudo ser respeitosa… Sobre essa preocupação exposta, idiota por sinal (há às vezes casos de troca/renova, onde o novo cria o caos), lembrei-me de um trecho do livro “Erótica é a Alma” de Adélia Prado, sobre saber envelhecer, coisa que poucos sabem ou relutam à sua chegada.
“Todos vão envelhecer… Querendo ou não, iremos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar: erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios. Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores. Bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.“
Não faz mal ficar calado de vez em quando. Sobrou tempo? Siga exemplo caseiro, vá tuitar…
